terça-feira, 26 de novembro de 2013

Mulheres presas por estelionato por levarem R$ 20 mil para "tirar coisa ruim" da casa de vítima

Objetos usados nos trabalhos
pelas golpistas junto à vítima
Duas mulheres uma de 54 anos e outra de 31 anos de idade, foram presas pelos Soldados da Polícia Militar Paiz e Lara sob a acusação da prática por estelionato. Na tarde desta segunda-feira (25), uma dona-de-casa de 53 anos de idade, moradora da zona rural de Piedade, chegou a passar  R$ 20.620 às duas acusadas sob o pretexto de que seria necessário efetuar diversas rezas para que a família da vítima estava correndo sério perigo. Graças à ação do gerente do banco e da Polícia Militar foram recuperados R$ 19.100.


De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar A prisão se deu por volta das 16 horas, na casa das acusadas, após o gerente do Banco do Brasil (agência antiga) acionar a Polícia Militar ao suspeitar de algumas transações efetuadas pela vítima. Inicialmente, por volta do meio-dia a dona-de-casa tentou sacar R$ 20 mil, contudo, devido ao alto valor foi liberado o saque de "apenas" R$ 5 mil, dinheiro que, segundo a polícia, foi entregue à uma das estelionatárias. Alguns minutos depois a vítima retornou à agência e efetuou uma transferência na conta da golpista mais jovem, porém, o gerente percebeu que a vítima estava muito nervosa e entrou em contato com a família da vítima.

Os filhos também estranharam tal transação e disseram não haver motivo para que o valor fosse transferido para tal pessoa. O gerente informou aos Soldados Lara e Paiz as características físicas e as roupas que a estelionatária usava. Algumas testemunhas disseram conhecer a suspeita e disseram quem era ela. 

Lara e Paiz, juntamente com os Soldados Cibele e Pires foram à casa das acusadas e ambas foram abordadas. Na bolsa da mulher de 53 anos foram encontrados alguns objetos usados no golpe e a quantia de R$ 4.100. As duas suspeitas foram levadas á Delegacia de Polícia onde a vítima as reconheceu, bem como os apetrechos aprendidos, que segundo a dona-de-casa foram utilizados na trama elaborada pelas duas mulheres. A transferência  dos R$ 15 mil foi estornada (cancelada) e o valor retornou para a conta da vítima. 

Todas as partes envolvidas foram ouvidas, as duas mulheres negaram a prática do delito, contudo, diante das evidências, por determinação do Delegado Dr. José Chaves de Mello, as duas mulheres foram indiciadas por estelionato consumado, ficaram presas e permanecem a disposição da justiça. A instituição bancária forneceu à Polícia Militar um DVD com as imagens do circuito interno de câmeras que mostram a ação das acusadas junto à vítima. Um recibo de transferência dos R$ 15 mil também foram apreendidos, bem como um folheto com anotações dos dados da vítima, fazem parte do inquérito policial.

O estranho golpe - Na terça-feira (19) as duas mulheres foram à casa da vítima e diziam procurar uma outra pessoa. A dona-de-casa disse não conhecer tal pessoa, porém,  as golpistas pediram um copo d'água e se poderiam se sentar, uma vez que a mulher mais velha disse que estava se sentindo mal, com falta de ar, porque a casa estava "muito carregada, com coisas ruins" e que estava vendo a morte na casa. 

Para resolver o "problema" a estelionatária disse que se a vítima quisesse ela poderia fazer uma reza "para tirar todo mal que estava ali". Daí em diante a mulher pediu para a vítima comprar uma série de coisas, papel, coco seco, algodão, pacote de cigarros, linha branca e água mineral, fronhas, lençol e pó de café, materiais que seriam usados para "limpar o local" e foram levados no mesmo dia à casa da mulher. Foram feitas as rezas e começaram a surgir algumas mensagens da mãe - já falecida - da vítima. Segundo a mulher que praticava as rezas, as mensagens diziam que seu marido e seu filho sofreriam um acidente de caminhão e que ela - a vítima - iria ficar doente, mais precisamente com câncer. 

A partir daí foram feitos alguns procedimentos com alguns objetos estranhos para impressionar a vítima. Em dado momento a mulher quebrou o coco e retirou de seu interior uma miniatura de um caixão, um sapo ressecado enrolado com linha,  uma pequena máscara imitando o demônio, um, pequeno crânio e um casal de bonequinhos e uma aliança amarrados com linha. A golpista disse que elas teriam que ir ao cemitério para ver os que os espíritos queriam. 

No sábado (23) vítima e acusadas foram ao Cemitério Nossa Senhora Aparecida, centro da cidade, onde as duas mulheres começaram a cavocar o chão e retiraram dali os mesmos objetos que estavam dentro do coco. A mulher mais velha dizia que o espírito da mãe da vítima estava ali e dizia que era para ela atender aos pedidos dos espíritos, uma vez que sua família estaria correndo perigo. 

A golpista disse que para resolver a questão seria necessário realizar alguns trabalhos na Bahia e que precisaria comprar vários caixões, coroas de flores, banquetes de jantar, vaso de bronze e velas e que estes seria necessário encomendar missas em outros estados brasileiros. Tudo isto teria um custo de R$ 93 mil. Muito assustada a vítima disse que teria apenas R$ 20 mil e as mulheres que a "ajudavam" pediram para que ela mantivesse segredo daquilo que estavam fazendo. A dona-de-casa deu R$ 400 para a compra de flores e um cheque no valor de R$ 20 mil às duas indiciadas.

Nesta segunda-feira (25), como havia ficado combinado dois dias antes, a vítima compareceu à agência do Bando do Brasil na Rua Comendador Parada para sacar os R$ 20 mil e receber o cheque de volta. Porém, foram liberados "somente" R$ 5 mil, dinheiro que foi entregue à mulher mais velha. Algum tempo depois a dona-de-casa, acompanhada da mulher mais jovem retornou ao banco, efetuou a transferência de R$ 15 mil na conta desta indiciada e o cheque foi rasgado. As duas voltaram para a casa onde estavam sendo feitos os trabalhos, a vítima ainda deu mais R$ 220 para compra de flores. Foi então que os filhos da dona-de-casa ligaram para ela e por telefone disseram que ela estaria sendo vítima de um golpe. Foi então que os Policiais Militares alertados pelo gerente do banco e com informações obtidas com populares, foram até a casa das duas mulheres e efetuaram a prisão das mesmas.

Dos R$ 5.620 que foram repassados em espécie pela vítima às golpistas os policiais conseguiram recuperar R$ 4.100 que foram entregues aos filhos da dona-de-casa. 

Por questões alheias à nossa vontade, ficamos impossibilitados de divulgar os nomes e endereço das indiciadas, que negam totalmente as acusações feitas contra elas.