segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Falso "oculista" e comparsas detidos em quermesse na Vila Moraes

Refrator óptico utilizado na realização das "consultas"
Foto: Bom Dia Piedade
Três pessoas que realizavam consultas oftalmológicas ilegalmente e vendiam óculos de maneira também irregular numa quermesse junto a uma igreja na Vila Moraes foram detidas na tarde deste domingo (15). A pilantragem intitulada pelos autores como sendo uma "triagem humanitária de cunho social" contava com um falso médico e equipamentos ópticos específicos para os exames e até mesmo receitas eram emitidas para os incautos pacientes. Uma pessoa estranhou a prática do grupo e acionou a Polícia Militar. O grupo teria agido também no bairro dos Leites.

Material apreendido  na Delegacia de Polícia
Foto: Bom Dia Piedade
Duas mulheres e um homem, que se diz estudante de medicina e se passava por oftalmologista (popularmente chamado de "oculista") foram detidos pelos Policiais Militares Cabo Renato e Soldado Edilberto por volta das 14 horas deste domingo (14), em averiguação a uma denúncia de que o grupo estaria realizando exames oftalmológicos e vendendo óculos ilegalmente na quermesse da igreja católica da Vila Moraes.

Com eles foram apreendidos um aparelho refrator Martinato, equipamento óptico utilizado para aferir o grau de refração do sistema ocular, uma tabela com sinais para as consultas "médicas", dezenas de armações e lentes para óculos, duas máquinas Cielo para recebimento de valores por meio de cartões bancários, talões de receitas, de notas fiscais e pedidos e um grande aparato de acessórios para a prática da fraude.
Receitas e comprovante de pagamentopor cartão apreendidos
Foto: Bom Dia Piedade

Uma mulher de 54 anos que havia passado por "consulta" com o "oculista" e comprado um óculos por R$ 1.100, desconfiou da autenticidade dos procedimentos, ligou para o 190 da Polícia Militar.

Quando os Policiais Militares chegaram à igreja Nossa Senhora de Fátima na Vila Moraes constataram que Anderson Lopes da Silva, 31 anos, realizava exames oftalmológicos em várias pessoas. Após as "consultas" os pacientes eram encaminhados a duas mulheres que vendiam as armações e as lentes às pessoas consultadas. A prática mostrou-se delituosa, uma vez que Anderson não é qualificado para tal procedimento. O rapaz disse estar no sexto semestre co curso de optometrista, porém, tal formação não é reconhecida para a realização dos exames de refração ocular e para a elaboração de receitas oftalmológicas.
Nota fiscal e cartão utilizados pelosautores da fraude
Foto: Bom Dia Piedade

O falso "oculista" utilizava os equipamentos ópticos para a prática do exercício ilegal da profissão, tais como, o refrator óptico, uma tabela de sinais e outros acessórios para as falsas consultas. Anderson, que reside em São Paulo, agia juntamente com Janaína Rocha dos Santos, 30 anos, moradora do Parque São Bento em Sorocaba e Fernanda Marques de Souza, 37 anos, residente em Osasco. O trio alegou que tratava-se apenas de uma triagem de caráter humanitário, que este trabalho social era realizado a cerca de um ano e que eram feitas apenas "pré-vendas", as consultas não eram cobradas e que os pacientes posteriormente seriam avaliados por profissionais devidamente habilitados para tal prática. Eles disseram desconhecer a necessidade de alvará para a realização de tais "triagens" (exames). Porém, os pacientes eram imediatamente encaminhados para a compra dos óculos.
Malas continham farto material usado na prática delituosa
Foto: Bom Dia Piedade

Contudo, uma mulher de 54 anos que reside na Vila Moraes, após passar pela consulta foi encaminhada às parceiras de Anderson e adquiriu óculos de grau, emitiu um cheque no valor de R$ 800 para o pagamento do sinal da contratação do serviço e posteriormente, quando da entrega do óculos, pagaria os R$ 300 restantes. A vítima desconfiou da ação do trio e acionou a Polícia Militar. 

O Cabo Renato e o Soldado Edilberto com apoio do Sargento Nilton e do Soldado Arruda apreenderam duas malas contendo 14 talões de nota, receituários, talões de nota, os aparelhos utilizados nos exames, duas máquinas Cielo, 63 orçamentos de óculos (número que indica o grande número de pessoas atendidas na fraude), 102 armações para óculos, R$ 1.471 em diversas cédulas e uma folha de cheque de R$ 800. Pelo menos uma das receitas trazia um comprovante de pagamento com cartão de crédito no valor de R$ 750 em três parcelas de R$ 250. O dinheiro, o cheque, os comprovantes de pagamento com cartão bancário, os orçamentos e as receitas comprovam a prática ilegal de oftalmologia. 


Pagamentos eram feitoscom dinheiro, cheques
ou cartões

Foto: Bom Dia Piedade
O trio, juntamente com uma terceira mulher que faria parte do grupo, mais a vítima da fraude, foram conduzidos à Delegacia de Polícia de Piedade, onde por determinação do Delegado Dr. Fabrício Lopes Ballarini foi elaborado o Termo Circunstanciado de Ocorrência de exercício ilegal da profissão. 

Os responsáveis pelos setores de tributos e de vigilância sanitária da Prefeitura de Piedade foram á Delegacia de Polícia onde afirmaram que não havia sido emitido alvará para a prática de tais procedimentos, bem como para a comercialização das armações e lentes.
Painel usado nas "consultas"
Foto: Bom Dia Piedade

Os três autores da fraude foram liberados após a realização das formalidades policiais. O material apreendido será periciado. Segundo a Polícia Militar o grupo teria agido também no bairro dos Leites em outra ocasião e terai como praxe realizar a prática fraudulenta em festas organizadas em bairros periféricos ou rurais dos municípios da região. Um inquérito policial deverá apurar a responsabilidade de cada um dos participantes do delito e quantas pessoas foram vítimas da ação dos fraudadores.