Os problemas financeiros e a falta de alguns medicamentos, no entanto, foram confirmados. Aumento nos gastos devido à pandemia, manutenção de UTI, medicamentos e suprimentos hospitalares muito mais caros, estão entre as justificativas da direção da Santa Casa para o déficit de R$ 2,1 mi.
A prefeitura por sua vez relata que houve aumento de mais de R$ 4,3 milhões nos repasses à entidade em 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, e que destina 79% do orçamento municipal da saúde para o hospital local.
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| Medicamentos que estariam em falta no plantão de 29/09/2021. Foto cortesia |
Tais questões foram encaminhadas à direção da Santa Casa de Piedade, que nos enviou a seguinte resposta (mais abaixo o pronunciamento da prefeitura a respeito dos repasses de verbas à entidade):
"Em relação aos questionamentos enviados pelo blog Bom Dia Piedade, a Santa Casa de Misericórdia de Piedade informa:
Até o momento, a Prefeitura repassou à Entidade o valor de R$ 17.432.571,59 milhões. Os gastos do hospital até o momento, no entanto, foram de R$ 19.537.964,19. Logo, a Santa Casa trabalha com um déficit de R$ 2.105.392,60.
Cabe ressaltar que a pandemia COVID-19 contribuiu para o desequilíbrio das contas, vide que medicamentos, mão de obra especializada e demais insumos tiveram hiper valorização, ultrapassando a marca de 1000% em alguns casos.
Logo, esse déficit reflete uma situação pontual. Caso a Santa Casa não tivesse sua UTI Covid e suportes de leitos respiratório, o valor repassado pela Prefeitura seria mais que suficiente para manter os SERVIÇOS DEVIDAMENTE PACTUADOS COM O MUNICÍPIO.
O hospital trabalha tendo como base suas verbas e, além disso, todo e qualquer valor excedente com nossa prestação de serviços particulares e a convênios é investida em melhorias do SUS (Sistema Único de Saúde).
Em relação à falta de alguns medicamentos, isso não se dá por falta de dinheiro. O que ocorre – aqui e em outras Santas Casas – é a falta de fornecimento por parte dos laboratórios. Ainda assim, para que possamos prestar nosso atendimento, os médicos prescrevem remédios de efeito semelhante.
Ninguém padeceu ou veio a óbito, na Santa Casa de Piedade, devido à falta de medicamentos.
As cirurgias eletivas (não de urgência), por sua vez, foram suspensas pelo Governo do Estado de São Paulo, em 2020. De qualquer forma, a Santa Casa tem feito os procedimentos de emergência e algumas eletivas que estavam na fila – vide que há casos que acabam por se tornar urgentes.
O volume de cirurgias no hospital é de, aproximadamente, 10 por semana. É importante salientar que a responsabilidade pelos agendamentos das cirurgias eletivas é da Prefeitura Municipal, por meio do Ambulatório Médico e Odontológico Municipal.
Por fim, consideramos válido mencionar que os contratos existentes entre a Santa Casa e a Prefeitura são arcaicos e carecem de atualização. A atual pactuação, por exemplo, determina que a Entidade deve fazer 9 mil atendimentos por ano. Todavia, somente no último quadrimestre de 2021, já atendemos 17,2 mil pacientes.
Para sanar tal quadro, foi protocolado pedido para renovação desses contratos. Nossa solicitação para que haja manifestação da municipalidade até 15 de novembro. Dessa forma, esperamos que seja construída uma realidade justa para ambas as partes e, principalmente, capaz de refletir em melhor atendimento à população que depende do SUS."
A nota de esclarecimentos é assinada pelo Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Piedade, José Eduardo Taliani.
Confira a resposta enviada pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Piedade:
Vale ressaltar que a Prefeitura, até o devido momento, investiu mais de 79% de todo o orçamento da saúde na Santa Casa, sendo o restante destinado à Rede Municipal de Saúde. Mesmo com a defasagem do contrato em número de atendimentos, os valores repassados à Santa Casa são reajustados anualmente."