Policiais Civis esperam a criança ser sepultada para deter os pais da criança |
Desde o registro da ocorrência, que se deu na madrugada da segunda-feira (20), a Polícia Civil monitorava os pais da bebê morta com extrema violência.
Os policiais não queriam perder os pais de vista. O Delegado Manoel Vieira de Camargo Dini esteve no Instituto Médico Legal de Sorocaba (IML), onde obteve as primeiras informações sobre os ferimentos sofridos pela criança.
Policiais Civis da Delegacia de Piedade (Elza, Rogério, Alessandro e Vagner) se alternaram ininterruptamente na discreta vigília ao casal, a ponto de acompanharem os jovens suspeitos durante o velório e, após o sepultamento, por volta das 15h35min, detiveram os pais ainda no Cemitério Jardim Eterno, conduzindo-os à Delegacia de Polícia, a fim de dar andamento às investigações com a segurança e a discrição que o caso exigia.
Em seu depoimento à equipe de investigação da Polícia Civil, A. de. B. C., 18 anos, o pai, admitiu ter causado as agressões que resultaram na morte de Sophia Emanuelly de Andrade Castro, 8 meses, na noite de domingo (19).
O Médico Legista que examinou o corpo da bebê informou à Polícia Civil que num primeiro momento havia constatado que a criança apresentava lesões na cabeça e pernas (extensas). Quanto ao sangramento na área perianal, seriam necessários mais exames para se afirmar se houve abuso.
Baseado no relatório elaborado pela equipe de investigação - Investigador Alessandro Mendes e Agente de Polícia Vagner Paes - o Delegado Manoel Vieira de Camargo Dini requisitou à justiça a prisão temporária de A de. B.C. , 18 anos. As autoridades policiais concluíram que a mãe não teve culpa na morte da criança.
O rapaz foi indiciado por homicídio qualificado e, com a prisão temporária de 30 dias decretada pela autoridade judicial, à noite o réu foi transferido para uma unidade prisional da região.
A versão do acusado
Em seu depoimento aos Investigadores, A. de B. C. relatou que estava na festa de aniversário de um amigo, juntamente com a esposa e a vítima e que chegaram em casa, por volta das 23 horas. Até aí as versões do casal coincidem, no entanto, a partir do momento em que eles foram ao banheiro para tomarem banho juntos, começam a surgir discrepâncias nas narrativas de ambos.
A de. B. C. alega que saiu do banheiro para buscar uma troca de roupas e que a menina, que estava acordada no berço, começou a chorar. Justificando estar alterado pela bebedeira, o pai lega a criança, começa a chacoalha-la e a bater contra a parede.
A cabeça e as pernas da bebê foram atingidas com força. O rapaz disse que a criança parou de chorar, ele a deixou sobre a cama e foi tomar água. Quando voltou a bebê estava no chão, teria caído de cara no piso. O sangue encontrado nas partes íntimas teriam saído junto com as fezes, segundo o pai.
De acordo com a Polícia Civil, esta afirmação não encontram embasamento algum, uma vez que a criança apresentava múltiplos traumas, os quais dificilmente teriam sido causados por uma queda, de uma altura pequena (conforme o relato do pai), pois, a localização e extensão das lesões não correspondem a tais relatos.
Foi então que a mãe decidiu pedir socorro. O rapaz admitiu à polícia que chegou a cochilar enquanto aguardavam a chegada da ambulância.
A versão da mãe
A mãe da pequena Sophia relatou em depoimento à Polícia Civil que, no domingo a noite retornaram da festa de aniversário do amigo de um amigo. Lá o casal consumiu cerveja e "canelinha", bebida alcoólica doce de alto teor alcoólico. A criança estava junto com eles.
Por volta das 22h30min saíram da festa e retornaram à casa onde moravam. A menina foi no colo do pai e quando chegou à moradia, a menina estava acordada e não chorava.
O marido colocou Sophia no berço e os pais entraram no banheiro para juntos tomarem banho, foi quando a bebê começou a chorar. Antes de ligar o chuveiro o rapaz saiu do banheiro vestindo apenas cueca dizendo que ia pegar as roupas. Em poucos segundos ele voltou no banheiro, mas, Sophia continuava chorando.
O pai saiu novamente do banheiro dizendo que ia pegar um shorts e encostou a porta, porém, não voltou. A moça permaneceu no banheiro tomando banho e percebeu que a criança parou de chorar logo depois que o marido saiu do banheiro.
De acordo com a depoente, o banheiro fica a aproximadamente quatro metros do quarto e ela que não teria ouvido qualquer barulho de espancamento. Ela acredita que o pai agrediu a filha na varanda, pois, se a agredisse no quarto, ela teria ouvido.
Passados cerca de 20 minutos a declarante saiu do banheiro, não avistou o marido e nem a criança. Ela verificou nos dois quartos e não os encontrou.
A porta da sala estava aberta, a jovem pensou que o rapaz estaria com a filha na varanda, mas, antes dela sair o marido apareceu no quarto com Sophia sentada em seu colo.
A mãe afirmou que a bebê "aparentava estar normal", ela não estava chorando. Ela pegou a filha para colocar na cama e então percebeu que estava toda mole, tinha hematomas cabeça e sangrava nas partes íntimas. A criança ainda estaria respirando, contudo, seus olhos estavam quase fechando.
Diante disto a jovem perguntou ao marido o que havia acontecido e ele respondeu que não tinha notado que a filha estava "amolecida".
A mãe tentou, sem êxito, telefonar a fim de pedir ajuda à esposa do encarregado da fazenda onde residiam e na qual o rapaz trabalhava como tratador de cavalos. Antes o casal morava em Juquiá (SP).
Logo em seguida a mulher telefonou para a emergência 192, conversou com o médico do SAMU que perguntou o estado da criança e a ambulância chegou depois de aproximadamente meia hora.
Enquanto a mãe pedia socorro, o pai ficou com a criança no colo, ele não demonstrava preocupação em socorrer a filha e ele chegou a dormir enquanto aguardavam a ambulância. A mãe afirmou que Sophia parou de respirar antes de ser colocada na ambulância e que chegando ao hospital a médica que a atendeu informou que a bebê já estava morta.
Histórico de agressões - A moça alega que nunca viu o marido agredir ou maltratar a filha, porém, às vezes ele trocava a fralda da criança e, nas poucas vezes que ele ficou a sós com a bebê, depois a mãe notou ferimentos no rosto, garganta e boca de Sophia, sendo que, por três vezes encontrou a criança machucada, na primeira vez ela levou a pequena à Santa Casa de Piedade. O rapaz sempre alegava que a bebê tinha se machucado sozinha.
A jovem também relatou à Polícia Civil que seu marido era violento com ela e a agrediu algumas vezes, física e verbalmente. Há cerca de três meses o rapaz tentou enforcá-la, mas, ela não denunciou os atos de violência às autoridades policiais.
O marido não usava drogas, contudo, ficava muito alterado quando ingeria bebida alcoólica, o que ocorria com certa frequência.
Fonte: Polícia Civil